28 de dezembro de 2010

Verdade

Esta semana ouvi uns políticos dizer que falavam verdade… e complementavam dizendo que os outros mentiam quando diziam “falar verdade”… a conclusão a que cheguei é muito simples: a ironia é uma figura de estilo tão boa e tão enraizada na vida dos nossos políticos que até conseguem iludir-se a eles próprios chegando ao ponto de eles próprios pensarem que estão mesmo a ser verdadeiros quando nos estão a enganar com mais uma mentira(zinha)!

Isto é algo que não me surpreende depois de alguns anos a ouvir políticos a falar… aliás diria que os políticos e os jogadores de futebol têm muito em comum: quando são entrevistados dizem sempre a mesma coisa, independentemente do sítio e das situações… se chamam a isso verdade, eu chamar-lhe-ia ignorância: só um burro pode afirmar falar verdade quando a verdade é um valor relativo e facilmente alterado com apenas algumas modificações…

Li num e-mail à uns dias o seguinte discurso:

Francisco Louçã:

- Senhor Primeiro-ministro, isto está de tal maneira que até as raparigas licenciadas têm que se prostituir para sobreviver.

O Primeiro-ministro com o seu sorriso responde:

- Lá está o Senhor Deputado a inverter tudo, o que se passa é que o nosso sistema de ensino está tão bom, que até as prostitutas hoje são licenciadas.

Como podemos ver ambos dizem o mesmo mas de formas diferentes (é esta a verdade da política)…

É assim também a nossa vida: podemos dizer as coisas de muitas formas, mas apenas uma será aquela que aceitamos e identificamos como verdadeira… no entanto esta opção nem sempre se revela a melhor (aparentemente) por termos medo de enfrentar as consequências da verdade… mas se formos sempre verdadeiros no que dizemos e fazemos, as consequências vão ser sempre muito menores do que quando for descoberta a mentira… o problema aqui só é um: muitas vezes nunca se chega a descobrir que é mentira ou quando se descobre há sempre quem consiga fugir a essa realidade através de outra mentira… e assim vamos vivendo neste mundo onde ser verdadeiro é pior do que ser criminoso!

24 de dezembro de 2010

Marcas de Vida

Caminho a alta velocidade pela vida… passo pelos momentos sempre numa correria infernal, à semelhança da nossa sociedade… não encontro sinais vermelhos, não tenho de parar, não paro… e sem parar não posso contemplar, não posso pensar…

É assim o nosso dia-a-dia: temos todos os movimentos mecanizados, todos os trajectos são feitos sem pensar, nunca olhamos para o lado, nunca olhamos para contemplar o que nos rodeia, nunca olhamos para o outro…

Será que a parte mais importante da nossa vida é aquela que fazemos assim? Será que vivendo assim vamos chegar ao fim com mais alguma coisa dentro de nós? Será que assim vamos chegar longe?

A parte mais importante da nossa vida é aquela que raramente fazemos (não por ser feita raramente!)… a parte mais importante da nossa vida é aquela em que deixamos uma parte de nós no outro… nessa altura podemos dizer que deixámos uma marca no outro, que o marcamos com aquilo que verdadeiramente somos… e ao deixarmos essa marca recebemos uma outra ainda maior… é esta a alegria de dar…

Se repararmos bem ficamos sempre muito contentes quando ajudamos os outros, quando lhes damos algo que é próprio de nós… a única questão que fica é porque preferimos ser tristes e “viver” como robots (SOBREVIVER) em vez de sorrir e dar vida à vida dos outros…

21 de dezembro de 2010

É tempo de Natal

É tempo de Natal… para muitos isto é sinónimo de compras! Mas será que é esse o verdadeiro e mais interessante sentido do Natal?

É claro que todos nós gostamos de receber prendas (quem diz que não gosta mente!)… mas daí até dizer que o Natal é só receber prendas vai uma grande distância… ou melhor deveria ir mas, infelizmente, para muitos não vai… e para todas essas pessoas a que apenas interessam as prendas o Natal é algo sem sentido… mas será que, para todos aqueles que dizem “olhar para mais longe”, o Natal tem realmente mais significado?

O Natal é um bom tempo para reflectir, para nos procuramos a nós próprios… é também tempo para dar: dar a nossa presença, a nossa amizade, o nosso Amor, a nossa esperança, o nosso sorriso, a nossa alegria… o problema aqui é quando não temos isto para dar…

Quantos de nós passam o dia carrancudos, sem “mostrar os dentes”, sem ser simpático? Quantas vezes nós passamos pelos outros sem olhar para eles, sem lhes dar a alegria do nosso sorriso, das nossas palavras, da nossa presença? É esta a alegria do Natal? É esta a alegria que um Cristão deve transmitir (principalmente) neste tempo?

Num tempo de crise económica, social,…, de valores deveríamos ser nós (aqueles que acham que o Natal é muito mais do que prendas) a mostrá-lo nas nossas atitudes? Como podemos dar e andar tristes? Como podemos ter a alegria do nascimento de Cristo dentro de nós e guardá-la para nós? Como conseguimos nós, pessoas de esperança, viver neste mundo da mesma forma daqueles que apenas sobrevivem?

Que este Natal seja um tempo de alegria, de esperança, de entrega, de dádiva… que seja um tempo de Amor, um tempo em que se note que Cristo está vivo dentro de nós…