5 de outubro de 2011

Sem sentido

Sonhos dispersos num mundo coberto
Pelo nevoeiro que nada deixa ver
Mas porquê sonhar se não se pode lutar
Porquê querer andar sem caminho para fazer

Vivemos neste mundo sem Esperança
Sem força para lutar, sem força para mudar
Será que viver assim é mesmo viver
Ou apenas um sinónimo de sobreviver

Será que é de mim ou isto não tem fim
Viver sem sentido e sem rumo no andar
Porquê estar parado apenas a olhar
Em vez de lutar para a vida mudar

Porque insistimos em não querer viver
Em arrastarmos o nosso corpo por aí
Dizer a todos que "viver assim é difícil"
Só para não ter trabalho a lutar

Vamos então ficando neste egocentrismo
Que nada nos deixa fazer
A esperança morre, os sonhos voam
Ficando somente um pedaço de gente...

...morta, a sobreviver...
...morta, sem sede de viver...

24 de agosto de 2011

(in)Competência

Quando somos acusados de ser incapazes de fazer algo, como reagimos?

Penso que há duas hipóteses para tentarmos resolver este problema: podemos simplesmente "fugir com o rabo à seringa" e dizer que somos superiores aos outros e por isso nem sequer vamos tentar perder tempo a provar o contrário; ou então podemos sempre "ir à luta", mostrar a todos aqueles energúmenos que sabemos desempenhar muito bem a função para a qual nos consideraram incapazes...

nesta segunda hipótese conseguimos "matar dois coelhos de uma cajadada só" (se tudo correr bem): primeiro negamos de forma categórica as afirmações daqueles que nos chamaram de "incompetentes"... depois mostramos a todos que, para além de sermos extremamente competentes, não vamos virar a cara à luta e somos capazes de nos esforçar para alcançar os nossos objectivos sem ser preciso usar os bastidores...

na primeira hipótese até podemos conseguir arrumar os outros (por falta de credibilidade, por falta de provas,....) mas nunca vamos provar que somos capazes de realizar aquela actividade... e ficamos assim pela superfície do problema... o pior disto não é existir esta possibilidade: o pior disto é esta possibilidade ser a que se utiliza na grande maioria dos casos...

«Um dia um filho perguntou ao seu pai o que era preciso fazer para se ser grande. O pai, fitando o azul do céu, respondeu: “Estás a ver como é alto o Céu? Colocas-te em bicos de pés e esticas os braços ao máximo…tentas tocar lá mesmo em cima.” O filho tentou. Não conseguiu. Vendo-o com o rosto desanimado, o pai disse: “Nunca desistas, esse é o segredo! O teu esforço em lá chegar vai ser o teu crescimento.” O filho, não satisfeito, ripostou: “Mas, significa que nunca vou atingir o Céu, não é?”. O pai, sorrindo espontaneamente, rematou: “Se não tentares nunca saberás…”.»

7 de agosto de 2011

Ser Capaz de +

Em que mundo vivemos? Qual a realidade que enfrentamos todos os dias? Que vida vivemos diariamente?

Estas são algumas perguntas que vou colocando por vezes a mim próprio... e normalmente as respostas são demasiado óbvias que apenas alguns acreditam nelas: "nós não vivemos, nós sobrevivemos"... e perante esta resposta percebo que tenho de fazer algo para mudar isto, por muito pequeno que possa ser esse gesto... e esse esforço levou-me a partir para a construção de uma nova Babel...

Babel é associado ao fracasso da construção de uma torre... o que muitos desconhecem é que esse fracasso se deveu a dois factos muito simples: o querer alcançar a grandeza e a glória própria e querer fazê-lo descurando os alicerces... portanto corrigindo estes dois pormenores conseguiríamos construir uma torre...

e que torre nós fomos construir! Começámos devagar, a conhecermo-nos, a criar laços uns com os outros... e acabámos por criar uma construção única em que cada um de nós é uma peça: sem alguma das peças a torre perde o sentido e desmorona-se como se fosse uma torre de cartas... todos crescemos naqueles dias e todos tivemos de voltar ao "mundo real"... mas há sempre aquele bichinho cá dentro que nos impele a voltar... e é esse bichinho que nos faz voar, que nos faz ser capaz de +...

29 de junho de 2011

Medo de Sonhar

Já não sei o que faço aqui
Nem sequer sei o que é viver
Esta vida é como um rio
Só se sabe onde vai chegar

Corre Corre sempre sem parar
De um lado por outro sem sequer pensar
O que ando eu aqui a fazer
Sem vontade própria, isto é sobreviver

Sem vontade própria sigo o meu caminho
Não olho em volta, não posso parar
Sou um pau mandado, não há tempo para pensar
Sem liberdade pela força da Lei

Não estou sozinho neste rumo incerto
Sigo o caminho de tantas marionetas
Não posso falar com medo de sufocar
Sigo o meu caminho com medo no pensar

Que vida é esta, que rumo é este?
Porque não posso dizer o que penso?
Guardo os sentimentos todos para mim
Não poso falar, só posso andar

Já pensei em parar para olhar
Em contemplar o mundo que me rodeia
Mas nunca o fiz com medo de encontrar
Um mundo feliz onde existe o verbo sonhar

16 de junho de 2011

Vida de Supermercado

Com um título destes poder-se-á pensar que irei falar de pessoas sempre às compras e coisas do género... mas não é esse o objectivo hoje...

Cada vez mais os jovens trabalham menos para alcançar os objectivos normais de um crescimento: estudar, ter boas notas, tirar um curso, arranjar emprego,... a realidade é que continuam a alcançar esses objectivos... a única dúvida será a que preço...

nunca se viveu num mundo tão fácil onde tudo o que é preciso existe a venda algures por um preço bastante acessível... a isto acresce a política de facilitismo da escola pública onde até se diplomam as pessoas só porque escrevem uns textos sobre a sua vida mesmo que mal saibam ler ou escrever ou mesmo que não saibam somar dois mais dois... já os jovens que "estudam", conseguem passar de ano sempre que os pais querem, mesmo que o aluno seja um burro chapado e a melhor nota que tenha é um 2!!!

e assim chegámos ao mundo de hoje onde para se ser empregado de limpeza é preciso ter um diploma em como sabemos o que é um chão, uma esfregona,... (sem desprezo pela profissão)
o que critico não é os diplomas, mas sim a forma como são obtidos... não há mérito, muito menos pode haver orgulho em receber um diploma para o qual não precisámos de nos esforçar minimamente... a qualidade do ensino decresceu e cada vez mais se encontra à venda a forma fácil de ter um diploma... somos um país de doutores... mas que doutores?

27 de maio de 2011

Estado de Choque

Estamos em plena campanha eleitoral... ou melhor em plena campanha de ver quem consegue conquistar mais votos, mesmo que não os mereça... e é por isso que muitos definem este tempo como o tempo de ver quem mente mais: talvez lhe pudessemos chamar o tempo do pinóquio!

o que me tem chocado durante estes dias não é a campanha eleitoral mas o que alguns politicos fazem para conquistar votos: uns optam pela transparencia (o que deveria ser sempre utilizado mas que vai levar, muito provavelmente, ao voto noutro partido qualquer que não aquele; já os políticos que metem mais ganham votos dia após dia, como se neste país fosse mais valorizada a mentira que a verdade...

agora que falo nisso, se calhar até é mesmo assim: reclama-se de tudo e de todos, que somos enganados e tal mas depois vamos escolher para mandarem em nós pessoas que mentem mais vezes do que falam!

é triste ver este país a caminhar para o abismo e nem agora perceber que é urgente mudar de ideia, urge convergir em vez de divergir... é preciso unir esforços para mostrar o verdadeiro valor dos PORTUGUESES e ultrapassar este momento de dificuldade... mais do que esforço é preciso coragem e humildade para assumir erros e trabalhar em conjunto: um só homem nunca nos pode levar longe neste dificil trabalho que é recuperar o país...

20 de abril de 2011

Prisioneiro da Vida

Sopra uma brisa suave
que leva o meu canto
Pelo meio das árvores
Até se perder no horizonte

Sob um sol luminoso
Reluz a minha vida
Que olho sem saber
Como pude tudo isto eu viver

Um caminho tão longo
Se estende atrás dos meus passos
Cheio de sorrisos
Encantos e desencantos

Quero seguir em frente
Mas algo me prende neste lugar
Quero ser livre de tudo
Quero fugir sem rumo certo

Mas nem sequer consigo
Levantar os pés do chão
Que me prende como se eu fosse
Um prisioneiro da minha vida

Há muito que deixei de voar
Nem sequer fui capaz de tentar
Perdi a força de lutar
Perdi a alegria de viver

Sou como um lago
Que foi perdendo a sua água
Até a última gota se ir
E a vida em mim morrer

10 de abril de 2011

Geração à Rasca

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros...

(texto transcrito de um email)

25 de março de 2011

Silêncio

O título podia ser uma justificação para um mês sem escrever... mas a justificação para isso foi o facto de estar a procura de silêncio no meu dia-a-dia e ainda ter de fazer as tantas coisas que me solicitam...

no fundo é assim o nosso quotidiano: fazemos mil e uma coisas, muitas delas sem pensar sequer porque as fazemos... e temos medo de não ter nada para fazer, temos medo do silêncio... as rotinas que criamos não são mais do que defesas naturais para não termos de pensar nas consequências ou no porquê do que fazemos... e, assim, vamos andando por aí a fazer sabe-se lá o quê sem darmos um rumo de jeito à nossa "vida"...

precisamos de nos repensar muitas vezes, precisamos de escutar mais em vez de falar, precisamos de espaço livre em vez de ter tudo ocupado... precisamos de ser livres e de deixar de nos aprisionarmos a nós próprios para evitar arriscar um pouco mais... as grandes decisões são tomadas em silêncio e não no meio da balbúrdia que é a nossa rotina...

para arriscar é preciso escutar... e para escutar é preciso silêncio na balbúrdia que é a nossa vida... e tomar decisões no meio desta implica meditar algum tempo nelas... e para meditar nelas precisamos de silêncio... porque evitamos nós o silêncio?

28 de fevereiro de 2011

"Xico-espertismo"

Falar de Portugal e de incompetência parece ser falar da mesma coisa... concordo em parte: acho que temos pessoas muito incompetentes neste país (o pior é que essas pessoas mandam!) e pessoas muito competentes neste país que circulam pela sombra, longe das luzes da fama...

e essas pessoas merecem ser ouvidas e respeitadas, porque percebem alguma coisa da sua área... mas em vez disso gostamos muito do "xico-espertismo" neste pequeno bocado de terra a que chamamos Portugal... o resultado disto parece óbvio: falamos do que não sabemos e mantemo-nos calados quando sabemos (nas pessoas que ainda sabem alguma coisa)... e esta é uma mistura explosiva que nos leva a ser completamente incompetentes naquilo que dizemos e fazemos...

porque desperdiçamos tanto a competência? Será que nós gostamos de ser incompetentes? Ou será que gostamos de nos manter na sombra e, por comodismo, não nos mexemos para mudar alguma coisa? Será que não vale a pena lutar?...

14 de fevereiro de 2011

Força de vontade

Há quem diga que "nada é impossível"... eu porém discordo da expressão dita desta forma... isto porque todos nós temos limitações e qualidades: existem coisas onde somos muito fracos, que não conseguimos fazer e existem coisas em que somos mesmo bons, quase que somos perfeitos...

daqui podemos perceber que todos temos limites diferentes... e esses limites diferentes permitem-nos fazer coisas extraordinárias e coisas tão fracas que, às vezes, nem nome chegam a ter... alguns dizem que se deve valorizar o esforço (e intenção)... outros defendem que se deve valorizar o resultado... porque não valorizar os dois? porque não procurar ver o esforço e o resultado como algo que se completa (ou seja, porque não olhar para o resultado como reflexo do esforço que desenvolvemos?)

no entanto o esforço vale pouco de muitas vezes... muitas vezes fazemos enormes esforços, trabalhamos imenso mas no final o resultado defrauda as nossas expectativas... isto acontece apenas porque aplicámos mal o esforço: muitas vezes queremos chegar sozinhos onde só se pode chegar em conjunto... por vezes chegamos ao destino sozinhos, mas sem a riqueza de poder partilhar aquela vitória...

às vezes conhecemos pessoas que nos marcam pela sua força de vontade, pela sua atitude de nunca baixar os braços perante as dificuldades que surgem... e é essa a força que lhes permite sorrir todos os dias, mesmo que vivam num sofrimento enorme... porque insistimos nós em desistir à primeira adversidade?

7 de fevereiro de 2011

Ganhar a todo o custo!

Muitas vezes na vida ouvimos pessoas a dizer "temos de ganhar isto, nem que isso implique muitos sacrifícios!"... mas será que esses sacrifícios englobam sacrificar tudo aquilo em que acreditamos? Será que vale a pena sacrificar o que nós somos em nome de algo, em nome de um intitulado "bem maior"?

cada um de nós tem uma identidade criada por aquilo que é, por aquilo que defende, por aquilo em que acredita, por aquilo que partilha com os outros... basta simplesmente dizer que cada um de nós é único (mesmo que sejamos parecidos com outras pessoas, temos algo que nós distingue delas)! Mas, quando somos chamados a mudar o nosso EU, aí já muda o caso de figura: para uns é algo fácil, porque aprenderam a mentir tão bem que já nem sabem o que é mentir (acreditam sempre no que dizem, portanto); para outros é tão complicado que nem sequer se conseguem aproveitar da desgraça alheia para ganhar o que quer que seja...

será que vale a pena deixar tudo aquilo em que acreditamos para ter uns minutos de glória? Eu acho que não... acho que a vida ganha muito mais valor pelas marcas do EU que vamos deixando no nosso caminho, que será sempre um sucesso se lutarmos por ele defendendo aquilo em que acreditamos...

30 de janeiro de 2011

Há lugar para mais um?

Ao longo da nossa vida vamos caminhando rumo a um destino que vamos traçando à medida que o tempo passa... à medida que crescemos vamos redescobrindo novos mundos dentro de nós e novos destinos para a nossa vida... e percebemos que temos um lugar algures para nós... o único problema desta (aparente) simples equação é mesmo saber onde é esse tal lugar...

deambulamos então por aí à procura do tal lugar mágico onde nos sentiremos "como peixe na água"... e vamos experimentando, como se a vida fosse um pronto-a-vestir: muitas vezes olhamos somente para o espelho, vemos o nosso reflexo e procuramos que seja agradável e que todos gostem; outras vezes nem sequer experimentamos porque "não é digno de uma pessoa como eu! Onde é que já se viu usar uma coisa dessas?!"; outras vezes vestimo-nos, olhamos para nós e, se nos sentimos bem, olhamos para o espelho para ver como os outros nos poderão ver...

tal como num pronto-a-vestir existe uma grande variedade de roupas, na nossa vida existem variadíssimos locais onde nos podemos encaixar... mas nem sempre escolhemos os locais certos: muitas vezes olhamos apenas para o reflexo do espelho em vez de olhar para a essência do local... e assim desperdiçamos grande parte da vida a ocupar o lugar para o qual não estamos destinados... e quem o poderia ocupar perde-se algures por aí...

24 de janeiro de 2011

Vida de "se"

Vivemos numa vida feita de imenso stress... e chegamos ao final do dia e percebemos que errámos em algumas das decisões que tomámos... e desejamos voltar atrás, poder corrigir aquilo que fizemos mal, aquilo em que supostamente errámos... e não percebemos que a vida é mesmo isto: tomar decisões que, na altura achamos correctas mas que depois se tornam num fiásco... e tomar decisões que achamos totalmente erradas e que se tornam num sucesso brutal...

querer voltar atrás significa pouco apreço pelo que a vida nos dá, pouco apreço pelo presente... e isso traduz-se numa falta imensa de alegria, numa falta imensa de verdadeira vida... devemos aproveitar o tempo que temos para deixar a nossa marca, para deixarmos um pouco de nós nos outros... devemos aproveitar para viver a alegria de ter amigos, de poder sorrir e de poder chorar junto a alguém que nos vai sempre ajudar, principalmente nos momentos mais difíceis...

a vida é simplesmente isto: andar, cair e levantar... interessa apenas o modo como fazêmos cada uma destas três coisas e o que aprendemos com elas...

«A realidade, porém, é só uma, as considerações sobre o que aconteceria "se" não passam de uma dolorosa fantasia a que nos entregamos quando queremos fugir dos fantasmas que nos perseguem ao longo da vida por causa das nossas decisões e das circunstâncias em que foram tomadas.»
in A Ilha das Trevas de José Rodrigues dos Santos

16 de janeiro de 2011

Justiça

Nos últimos dias muito se tem falado do caso do jovem Renato, que tanto chocou a opinião pública mundial (seja lá o que isso for!)... todos reclamam por justiça neste caso (pelo menos dizem-no), todos pedem para que este jovem seja punido pelo que fez... mas será que já não está ele a arcar com parte dessa punição?

É muito fácil falar em justiça quando não se tem de decidir, quando se pode dizer o que bem nos apetece sabendo que não vai interessar para a tomada de decisão de quem tem de decidir... e por isso é fácil mandar bitaites, dizer três ou quatro coisas com ligação frásica razoável e mais de metade deste mundo leva isso por verdade!

mas decidir não é nada fácil... aliás decidir é a coisa mais fácil: decidir bem é que complica o processo de decisão... quando se quer decidir bem, procura-se avaliar todos os factores que envolvem a questão (não apenas os que interessam mostrar, os que são mostrados num golpe de teatro brutal) e tomar uma decisão que seja de acordo com a situação...

quando se fala em decidir uma punição o caso complica-se um bocado: será que alguém que erra já não está a sofrer pelo erro que cometeu? será que é justo castigar alguém que já está em profundo sofrimento?

defendo que todos devem arcar com as consequências dos seus actos... mas também defendo que essas consequências devem ser de acordo com a relação acto/pessoa e não com uma tabela feita por alguém que procurou tabelar aquilo que se passa na mentalidade humana..

somos humanos... todos erramos... todos aprendemos a errar... porquê punir apenas porque alguém disse para punir?

9 de janeiro de 2011

Grandes Artistas

Se virmos o filme ratatoui, no final uma das personagens diz:

"de certo modo o trabalho dos críticos é fácil: arriscamos muito pouco (...) o mundo costuma ser duro com os novos talentos e com as novas criações: o novo precisa de amigos (...) nem todos podem ser grandes artistas... mas um grande artista pode surgir em qualquer lado..."

Na sociedade em que nos inserimos actualmente não existe muito espaço para a surpresa: tudo é previsto quase ao segundo, tentamos que nada fuja ao que está escrito no guião que temos como certo... mas, às vezes tudo corre mal, tudo foge ao que estava previsto... e quando isto acontece, andamos às cegas (como se costuma dizer)...

este problema advém de uma preparação deficiente que recebemos por parte desta sociedade: somos ensinados a seguir regras (a "ser cozinheiros") em vez de sermos treinados para inventar, para ser criativos mesmo quando existem regras... isto porque quando as regras falham, só se consegue reagir se soubermos criar... mas criar não é algo aceitável num mundo onde o extraordinário é inaceitável...


isto leva a descurarmos as pessoas que nos rodeiam e a realidade é que nem sempre na nossa vida nos apercebemos do enorme potencial que algumas pessoas têm... e de que, a qualquer momento, podemos ser surpreendidos porque vivemos no nosso egocentrismo... e essas surpresas acontecem mesmo (não são só nos filmes)... e tenho de agradecer às pessoas que tornam essas surpresas possíveis na minha vida...

OBRIGADO

4 de janeiro de 2011

Educação

É tempo de exames na UC... vêm-se os estudantes carregados de livros, vêm-se as bibliotecas cheias de gente a estudar (ou apenas a passear os livros)... e é uma boa altura para se pensar no ensino em Portugal... chegados à faculdade os alunos deparam-se com um sistema de educação bem diferente do anterior, bem mais difícil e com pouco tempo para assimilar toda a informação (se se fizer mais alguma coisa para além de estudar)... o problema aqui é simples: o ensino universitário não evolui à muitos anos... e esta estagnação contrasta com a "evolução" no ensino básico e secundário: mudanças todos os anos e diminuição no grau de exigência... ou seja, há 20 anos os alunos chegavam à universidade e já sabiam quase tudo aquilo que nós hoje aprendemos nos primeiros tempos de universidade...

O que se pode concluir disto é muito simples: ou o ministério da educação anda muito enganado ou então NÓS somos muito burros!!! Isto porque a cada ano que passa as reformas vão sempre no mesmo sentido: a política do facilitismo... e quanto mais se facilita, menos têm de estudar os estudantes, menor esforço vão fazer, menos trabalho fazem para alcançar uma determinada nota... e a realidade é que chegam pessoas ao 10º ano sem saberem nada do que fizeram nos anos anteriores!!! para estes arranjam-se os fantásticos cursos profissionais, que garantem um atestado de enorme burrice aos estudantes portugueses, pois até nestes cursos de uma facilidade imensa as melhores notas rodam os 12-13 valores!!! A juntar a isto agora temos o ministério a ponderar retirar apoios ao ensino particular, pois é o ensino particular que estraga toda esta estratégia ministerial: no ensino particular o grau de exigência é muito mais elevado do que aparenta e os resultados são depois visiveis nos exames nacionais... ou seja, em vez de formar exclusivamente burros o ensino particular ainda vai formando alguns alunos...

é este um retrato da fantástica educação que o nosso ministério da educação defende com unhas e dentes...

aproveitem também para ler este artigo: http://reflexodasemana.blogspot.com/p/artigos-de-opiniao.html

http://ocantinhodaeducacao.blogspot.co